quarta-feira, julho 27, 2005

Húmus


No subsolo da terra negra, herança da decomposição fertilizante de restos animais, ele colhe o fruto dos séculos que a civilização esmagou. Cremou suas quimeras e espalhou as cinzas do que sobrou. Travou a terráquea luta pela liberdade, mas virou presa fácil para o seu predador. Cultivou a inocência da infância embrionária, fez brotar a morbidez da velhice estacionária e serviu a própria carniça temperada de água benta aos urubus. Com os restos do banquete, fez-se o adubo. E a negra terra resfolegou novamente, estrumada e feliz.